sexta-feira, 28 de março de 2008

Burgúndios

Burgúndios ("os Montanheses"), são um antigo povo de origem Escandinávia.




No Baixo Império Romano , instalaram-se na Gália e na Germânia na qualidade de federados. Tendo procurado se estender na Bélgica, foram abatidos por Aécio em 436 e transferidos para Savóia. De lá, eles se espalharam nas bacias do Saône e do Ródano. Foram submetidos pelos francos em 532 e seu território foi reunido à Nêustria. Deram seu nome à Borgonha.

História antiga

Origens tribais


A tradição burgúndia da origem escandinava encontra suporte na evidência dos topônimos e na arqueologia (Stjerna) e muitos consideram essa tradição como correta. Possivelmente por que a Escandinávia estava além do horizonte das antigas fontes romanas, incluindo Publius Cornelius Tacitus (que menciona apenas uma das tribos escandinavas, os suiones ), eles não sabiam de onde os burgúndios vinham, e as primeiras referências romanas os localiza a leste do Reno (inter alia, Ammiano Marcellino , XVIII, 2, 15). Fontes romanas antigas indicam que eles eram simplesmente outra tribo germânica oriental. Aproximadamente em 300 , a população de Bornholm (a ilha dos burgúndios desapareceu abundantemente da ilha. Muitos cemitérios pararam de ser usados, e naqueles que ainda eram usados havia poucos sepultamentos (Stjerna, in Nerman 1925:176). No ano de 369 , o imperador Valentiniano I alistou para ajudá-lo na sua guerra contra as tribos germânicas, os alamano (Ammianus, XXVIII, 5, 8-15). Nessa época, os burgúndios possivelmente vivendo da bacia do Vístula , de acordo com o historiador dos godos da metade do século VI , Jordanes . Algum tempo após a guerra contra os alamanos, os burgúndios foram derrotados em batalha por Fastida, rei dos gépidos , sendo subjugados, quase aniquilados. Aproximadamente quatro décadas depois, os burgúndios reapareceram. Seguindo a retirada das tropas do general romano Stilicho para atacar Alarico I o visigodos em 406 - 408 , as tribos do norte cruzaram o Reno e entraram no Império Romano na Völkerwanderung, ou migrações germânicas. Entre elas estavam os alanos , vândalos , suevos e possivelemnte os burgúndios. Os burgúndios migraram para oeste e se estabeleceram no vale do Reno . Havia, ao que parece naquela época um relacionamento amigável entre os hunos e os burgúndios. Era um costume huno entre as mulheres ter seu crânio alongado artificialmente por um amarrador apertado na cabeça quando a criança ainda era um bebê. Túmulos germânicos são às vezes encontrados com ornamentos hunos e também com crânios de mulheres alongados; a oeste do Reno apenas sepulturas burgúndias contém um grande número desses crânios (Werner, 1953).

Religião

Em algum lugar no leste europeu os burgúndios se converteram ao arianismo , o que passou a ser uma fonte de suspeita e desconfiança entre os burgúndios e o Império Romano Ocidental católico. As discórdias eram acalmadas por volta de 500, porém, Gundobad , um dos últimos reis burgúndios, manteve uma amizade pessoal próxima com Ávito de Viena , o bispo católico de Viena . Além disso, o filho e sucessor de Gundobad, Sigismundo da Borgonha , era católico, e há evidências que muitos dos burgúndios tenham se convertido na mesma época, incluindo várias mulheres membros da família governante.

Antiga relação com os romanos

Inicialmente, os burgúndios parecem ter tido um relacionamento tempestuoso com os romanos. Eles eram usados pelo império para se defender de outras tribos, mas também penetravam nas regiões fronteiriças e expandiam sua influência quando possível. Os reinos burgúndios

O primeiro reino

Em 411, o rei burgúndio Gundahar (ou Gunther ou Gundicar) instalou um imperador fantoche no Império Romano, Jovino , em cooperação com Goar, rei dos alanos. Com a autoridade do imperador gaulês que ele controlava, Gundahar se estabeleceu na margem (romana) esquerda do Reno, entre os rios Lauter e Nahe, apoderando-se de Worms, Speier e Estrasburgo. Aparentemente como parte de uma trégua, o imperador Flávio Augusto Honório mais tarde concedeu a eles as terras. (Prosper, a. 386) Apesar do seu novo estatus de foederati, as incursões burgúndias na Gallia Belgica se tornaram intoleráveis e foram brutalmente encerradas em 436 , quando o general romano Aécio convocou mercenários hunos que subjugaram o reino do Reno (que tinha sua capital no antigo assentamento celta romano de Borbetomagus/Worms) em 437 . Gundahar foi morto em combate, de acordo com o que foi relatado pela maioria das tribos burgúndias. (Prosper; Chronica Gallica 452; Hydatius; Sidônio Apolinário)

A destruição de Worms e do reino burgúndio pelos hunos se tornou o assunto de lendas heróicas que foram mais tarde incorporadas no Nibelungenlied.

O segundo reino

Por razões não citadas nas fontes, aos burgúndios foi concedido o status de foederati uma segunda vez, e em 443 eles foram reassentados por Aécio na região de Sapaudia (Chronica Gaellica 452). Apesar de a Sapaudia não corresponder a qualquer região atual, os burgúndios provavelmente viveram próximos a Lugdenensis, a atual Lyon (Wood 1994, Gregory II, 9). Um novo rei, Gundioc ou Gunderico, presumivelmente um filho de Gundahar, parece ter reinado a partir da morte de seu pai (Drew, p. 1). Ao todo, oito reis burgúndios da casa de Gundahar governaram até o reino ser invadido pelos francos em 534 . Como aliados de Roma nas suas últimas décadas, os burgúndios lutaram ao lado de Aécio e de uma confederação de visigodos e outras tribos na derrota final de Átila o Huno na Batalha de Chalons em 451 . A aliança entre os burgúndios e os visigodos parece ter sido forte, com Gundioc e seu irmão Chilperic I acompanhando Teodorico II à península Ibérica para atacar os suevos em 455 . (Jordanes, Getica, 231)

Aspirações ao império

Também em 455, uma referência ambígua infidoque tibi Burdundio ductu (Sidônio Apolinário in Panegyr. Avit. 442) envolve um desconhecido líder traidor burgúndio no assassinato do imperador Petrônio Máximo no caos que precedeu o saque de Roma pelos vândalos. O aristocrata Ricimer também foi acusado; esse evento marca o primeiro indício de ligação entre os burgúndios e Ricimer, que era provavelmente cunhado de Gundioc e tio de Gundobad. (John Malalas, 374) Os burgúndios, aparentemente confiantes no seu poder crescente, negociaram em 456 uma expansão territorial e um arranjo de divisão de forças com os senadores romanos locais. (MArius of Avenches) Em 457 , Ricimer causou auqeda de outro imperador, Ávito, conduzindo Júlio Valério Majoriano ao trono. O novo imperador mostrou ser imprestável para Ricimer e para os burgúndios. Um ano após a sua ascensão, Majoriano expulsou os burgúndios das terras que eles haviam adquirido dois anos antes. Após mostrar leves sinais de independência, ele foi assassinado por Ricimer em 461 . Dez anos depois, em 472 , Ricimer - que agora era genro do imperador romano ocidental Antêmio - estava conspirando com Gundobad para matar seu sogro; Gundobad decapitou o imperador (aparentemente pessoalmente) (Chronica Gallica 511; João de Antióquia, fr. 209; Jordanes, Getica, 239). Ricimer então indicou Anício Olíbrio , a influência burgúndia sobre o império parece ter terminado. Glicério foi deposto em favor de Júlio Nepos, e Gundobad retornoua à Borgonha, presumivelmente na morte de seu pai Gundioc. Nessa época ou um pouco depois, o reino burgúndio foi dividido entre Gundobad e seus irmãos, Godigisel, Chilperic II e Gundomar I. (Gregório, II, 28)

Consolidação do reino

De acordo com Gregório de Tours, os anos seguintes ao retorno de Gundobad à Borgonha viram uma sangrenta consolidação de poder. Gregório declara que Gundobad assassinou seu irmão Chilperic, afogou sua esposa e exilou suas filhas (uma das quais se tornou a esposa de Clóvis I o franco, e foi responsável pelo que dizem pela sua conversão) (Gregory, II, 28). Isso é contestado, por exemplo por Bury, que aponta problemas na cronologia de Gregório para os eventos. Por volta de 500 , Gundobad e Clóvis I entraram em guerra, e Gundobad parece ter sido traído por seu irmão Godegisel, que se uniu aos francos; juntas as forças de Godegisel e Clóvis I "esmagaram o exército de Gundobad" (Marius a. 500; Gregory, II, 32). Gundobad esteve temporariamente escondido em Avignon, mas foi capaz de reagrupar seu exército e saquear Viena, onde Godigisel e muitos de seus seguidores foram executados. A partir daí, Gundobad parece ter sido o único rei da Borgonha. Isso implicaria que seu irmão Gundomar já estava morto, apesar de não haver nenhuma menção a isso nas fontes da época. Ou Gundobad e Clóvis I se reconciliaram e esqueceram suas diferenças, ou Gundobad foi forçado a algum tipo de vassalagem após a vitória anterior de Clóvis I, com o rei burgúndio ajudando os francos em 507 na vitória contra Alarico II, rei dos visigodos. Durante a revolta, em algum momento entre 483 e 501 , Gundobad começou a apresentar a Lex Gundobada, lançando aproximadamente a primeira metade dela, que foi extraída da Lex Visigothorum. Após consolidar o poder, entre 501 e sua morte em 516 , Gundobad apresentou a segunda metade de suas leis, que eram originalmente burgúndias.

Queda do segundo reino

Os burgúndios havia estendido seu poder sobre todo o sudeste da Gália , ou seja, o norte da Itália , o oeste da Suiça , e o sudeste da França . Em 493 , Clóvis I, rei dos francos, casou-se com a princesa burgúndia Clotilda, filha de Chilperic. Após iniciamente se aliar a Clóvis I contra os visigodos no começo do século VI , os burgúndios foram finalmente conquistados pelos francos em 534 . O reino burgúndio passou a fazer parte dos reinos merovíngios , e os burgúndios foram amplamente absorvidos por eles.

As leis burgúndias

Os burgíndios deixaram três códigos legais, que estão entre os mais antigos das tribos germânicas. O Liber Consitutionum sive Lex Gundobada (O Livro da Constituição Segundo a Lei de Gundobad), também conhecida como Lex Burgundionum, ou mais simplesmente Lex Gundobada ou ainda Liber, foi lançado em várias partes entre 483 e 516, principalmente por Gundobad, mas também por seu filho, Sigismund. Era um registro das leis costumeiras e típicas de muitos códigos de leis germânicos desse período. Particularmente, o Liber copiou o Lex Visigothorum e influenciou o posterior Lex Ribuaria. O Liber é uma das fontes primárias da vida burgúndia daquela época, e também da história de seus reis. Como muitas das tribos germânicas, as tradições legais burgúndias permitiam a aplicação de leis distintas para etnias diferentes. Dessa forma, em adição à Lex Gundobada, Gundobad também lançou (ou codificou) um conjunto de leis para os assuntos romanos do reino burgúndio, a Lex Romana Burgundionum (A Lei Romana dos Burgúndios). Somando-se aos dois códigos acima, o filho de Gundobad, Sigismund, publicou depois o Prima Constitutio.

Origem do nome

O nome dos burgúndios era antes ligado à região da moderna França que ainda mantém seu nome. Entre os séculos VI e XX, contudo, as fronteiras e as conexões políticas da região mudaram com freqüência; nenhuma dessas mudanças teve algo a ver com os burgúndios originais. O nome burgúndios refere-se aos habitantes do território da Borgonha. Os descendentes dos burgúndios hoje são encontrados inicialmente entre os fraco-falantes da Suiça e nas regiões fronteiriças da França.

Fonte: Wikipédia

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