domingo, 8 de novembro de 2009

Rugios

Os rugios eram uma tribo germânica cuja origem remonta à região de Rogaland no sul da Noruega, significando literalmente 'terra enrrugada', devido ao relevo acidentado dos fiordes noruegueses.

Do século III a.C. até fins do século I a.C., a população desta área migra para o sul em busca de áreas mais quentes, devido ao abaixamento das temperaturas da Europa deste período. Estabelecem-se na ilha de Rügen, no mar Báltico, dando seu nome a esta ilha. Fixam-se também na costa do mar Báltico, hoje Polônia. A tribo é primeiramente mencionada pelo escritor romano Tácito no século I, em seu livro Germania. Segundo Tácito, os Rugii habitavam a costa do mar Báltico entre os rios Vístula e Oder, eram vizinhos a leste dos godos e utilizavam escudos redondos e espadas curtas. Existe um grande intervalo de registro histórico, com os rugios sendo citados após Tácito somente no século V. No entanto, podem-se supor indiretamente alguns eventos. Pressionado por guerras contra os godos no fim do século I, os rugios são encontrados deslocando-se para o sul, para a região do Danúbio e dos Cárpatos entre os anos 200 e 300. Em 390 se tornam um povo vassalo dos hunos invasores, junto a outras nações germânicas, como os ostrogodos. Convertem-se ao cristianismo ariano. Em 451 participam, ao lado de Átila, na invasão à Gália e na Batalha dos Campos Cataláunicos (batalha de Chalôns) (fonte Sidônio). Após a morte de Átila, em 454 ocorre a Batalha do Rio Nedao, onde uma federação de povos germânicos derrota os hunos e alcança a independência.

Reino em Noricum

Uma parte da nação rugiana separa-se e é aceita dentro do Império Romano do Oriente, onde presta serviços militares ao imperador em Constantinopla. Outros se juntam a Odoacro no golpe final contra o Império Romano do Ocidente em 476. Outra parte da nação, entretanto, recebe a província romana de Noricum, para assentamento e lá criam um reino após a débacle do império. Este reino, nas margens do Danúbio nas áreas que hoje são Áustria e Hungria, recebe o nome de Rugiland. Neste período, se consideram aliados do poder romano, entretanto sofrem ataques de nações germanas estrangeiras. Esta pressão motiva o rei rugio Flaccitheus a desejar passagem e migração para a Itália, dentro das fronteiras do império. Para isso, necessita de permissão de passagem do reino ostrogodo da Panónia (hoje Hungria) que negam passagem e os ameaçam. Os rugios, sob seu rei Flaccitheus, se unem a outras tribos germânicas e atacam o reino ostrogodo em 469, sendo derrotados. Sentindo-se cercados pelos godos, que controlam as as vias para a Itália, Feletheus, filho de Flacitheus casa-se com a princesa ostrogoda Gisa. Isto causa uma divisão na família real rugia, com o irmão de Feletheus, Freduric, então governador de Vindobona (Viena) se opondo. Neste momento vê-se a atuação de São Severino, uma latino vindo do império oriental. São tempos de desintegração econômica, administrativa e militar, após o desaparecimento da autoridade imperial romana. Existe fome. São Severino auxilia a população rugia e romana de Noricum, principalmente no rio Danúbio, na divisa do reino, em suas pelejas contra os alamanos, hérulos e turíngios além-fronteira. Em um evento distinto, a população romana de Noricum se move para a cidade independente de Lauriacum para escapar dos impostos e imposições do rei rugio Feletheus. Este, temendo que esta população se junte aos alemanes e demais povos além-fronteira, e desejando a retomada dos tributos dessa população, move-se para Lauriacum com a intenção de forçá-los a irem para cidades controladas pelo reino. São Severino intervem e convence Feletheus a permitir a volta dos romanos para suas próprias cidades. Estabelece-se uma aliança entre Feletheus e São Severino. Com a morte de São Severino em 482, Freduric, irmão de Feletheus, saqueia os mosteiros de São Severino próximos a Vindobona. Dois anos depois, em 484, Freduric é morto por vingança por Frederic, filho de Feletheus. Esse ato agrava a relação do reino Rugio com o reino da Itália comandado pelo germano Odoacro. Odoacro teme uma invasão rugia em seu reino, sabendo que o imperador em Constantinopla Zenão I incentiva Feletheus a mover-se nessa direção. A relação entre o reino da Itália, teoricamente vassalo ao Império Romano do Oriente, estava deteriorando desde anos anteriores. Odoacro toma a iniciativa e ataca o reino rugio campanha em 487 (fonte Paulo Diácono, cap.I.xix). Em uma batalha no atual monte Kahlenberg em Viena, derrota-os. Leva o rei Feletheus e a rainha Giso prisioneiros para Ravenna, aonde são posteriormente executados. Frederic, filho de Feletheus, tenta uma reorganização do reino, mas é derrotado por Onulf, irmão de Odoacro, em 488.

Entrada na Península Itálica

As campanhas de Odoacro em Noricum deixam a região devastada. Onulf transfere a população romana do Danúbio para a Península Itálica em 488, enquanto Frederic e os rugios derrotados também se movem, em direção a leste. Chegando a Novæ, provincia da Mésia, nos Bálcãs, se unem aos ostrogodos sob comando de Teodorico em sua marcha para a invasão da Itália em 489 em aliança com o imperador Zenão I. Odoacro é o alvo das forças ostrogodas e rugias, com o incentivo imperial. Entrando na Itália, os rugios são inicialmente assentados em Pavia e responsáveis pela proteção da Ligúria. Em 491 Frederic se rebela contra Teodorico durante o ataque a Ravenna e se alia ao general Tufa, de Odoacro. O motivo são os mau tratos à população romana por Teodorico durante a guerra, aos quais os rugios têm como amigos desde os anos do reino em Noricum. No entanto Frederic morre em 492. Os rugios então voltam a aliar-se a Teodorico. Encerra-se a dinastia real rugia. Em 492 Teodorico derrota Odoacro e termina a conquista da Itália pelos ostrogodos. Na Itália, sob o governo ostrogodo, os rugios mantém sua identidade nacional (fonte Procopius) por meio de banimento de casamentos inter-étnicos e de possível separação geográfica dos assentamentos ostrogodos. Em 541, durante invasão da Itália pelo Império Bizantino ordenada pelo imperador Justiniano e dirigida pelo general Belisário, a morte do rei ostrogodo Ildibaldo deixa o trono vago. Neste momento, Erarico, um rugio, é proclamado rei dos rugios e ostrogodos. Este movimento ousado dos rugios vassalos tem o consentimento de Belisário, como condição para aceitação de uma trégua na guerra, e também dos ostrogodos por falta de um sucessor entre os seus para indicação. Porém seu governo foi curto. Uma facção ostrogoda desconfia da fidelidade de Erarico e assassina-o cinco meses depois, declarando Totila novo rei ostrogodo. Os rugios continuam sob governo ostrogodo até a derrota final para o Império Bizantino em 553. Deste momento em diante cessam os registros históricos de ambos os povos. Sua população se mescla na história medieval com a população autóctone romano-italiana.

Registros dos rugios em Rogaland

Existe um registro nas sagas nórdicas de um rei rugio, Erling Skjalgsson, que viveu em torno do ano 1000, em Rogaland. É o único rei rugio (Rygekongen) presente nas sagas. Isto mostra a permanência de população rugia na terra original de Rogaland em períodos posteriores à migração ao sul do século III a.C. Neste período, dos Vikings, a região era chamada de Rygjafylke (pron. Rugia-fulke). Seus dialetos do norueguês antigo eram: Dalarne, Jaerderen, Ryfylke.

Outros Registros

· Com a derrota de Átila e seus aliados na Batalha dos Campos Cataláunicos (batalha de Chalôns) em 451, alguns rugios que não retornam aos Cárpatos se juntam aos anglos e saxões na conquista anglo-saxã da Inglaterra. A participação de rugios nesta invasão, em torno do ano 450, é registrada por Beda, monge inglês do século VII, denominando-os Rugini.
· Existe o argumento de que os letões descendem em alguma proporção dos rugios e que o nome de sua capital Riga, teria vindo de Rugia.

Fonte: Wikipédia

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