quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Teodorico, o Grande

Teodorico o Grande (em gótico Þiudareiks, "rei do povo", também conhecido em latim como Flavius Theodoricus; 454 - 30 de Agosto de 526), foi rei dos godos orientais, os ostrogodos (488-526), rei de Itália (493-526), e regente dos visigodos (511-526).


Estátua de bronze de Teodorico, o Grande, na igreja franciscana de Innsbruck.


O homem que governou sob o nome de Teodorico nasceu em 454, na Panônia, às margens do lago de Neusiedl, próximo a Carnuntum (atual Petronell-Carnuntum, na Áustria), um ano depois dos ostrogodos terem se livrado de quase um século de dominação dos hunos. Filho do rei Teodomiro, Teodorico viajou a Constantinopla, ainda jovem, como refém para assegurar a obediência ostrogoda a um tratado que Teodomiro havia fechado com o imperador bizantino Leão I.

Família

Teodorico era filho do rei ostrogodo Teodomiro e de Erelieva. Casou duas vezes. Não se conhece quem foi a primeira esposa, mas ele teve dois filhos com ela: Arevagni e Theodegotho. Sua segunda esposa foi Audofleda, com quem teve uma filha, Amalasunta.

Ele viveu na corte de Constantinopla por vários anos, onde aprendeu muito sobre o governo romano e táticas militares, que lhes serviram fartamente, quando ele se tornou o governante godo de uma grande mistura de povos romanizados. Tratado com generosidade pelos imperadores Leão I e Zenão I, ele se tornou magister militum (ou mestre militar) em 483, e, um ano depois, cônsul. Voltou, então, a viver entre os ostrogodos, com pouco mais de 20 anos, tornando-se seu rei em 488.

Nessa época, os ostrogodos se estabeleceram no território bizantino como foederati (aliados) dos romanos, mas estavam também se tornando impacientes e progressivamente dificultavam o domínio de Zenão I. Não muito depois de Teodorico se tornar rei, ele e Zenão I concluíram um acordo que beneficiava os dois lados. Os ostrogodos precisavam de um lugar para viver, e Zenão I estava tendo sérios problemas com Odoacro, rei da Itália que tinha causado a queda do Império Romano do Ocidente em 476. Ainda que formalmente fosse um vice-rei do Imperador Zenão I, Odoacro estava ameaçando territórios bizantinos e não respeitava os direitos dos cidadãos romanos na Itália. Com o encorajamento de Zenão I, Teodorico invadiu o reino de Odoacro.

A conquista da Itália


Mapa do reino Ostrogodo no seu auge, sob Teodorico o Grande.


Teodorico chegou com seu exército à península Itálica em 488, onde venceu a batalha de Isonzo (489), a batalha de Milão (489) e a de Adda, em 490. Em 493, tomou Ravenna. Odoacro rendeu-se e foi morto pelo próprio Teodorico.

Como Odoacro, Teodorico era formalmente apenas um vice-rei para o imperador romano em Constantinopla. Na realidade, ele agia com independência, e o relacionamento entre o Imperador e Teodorico era de iguais. Contudo, diferentemente de Odoacro, Teodorico respeitava o acordo que tinha feito e permitia que os cidadãos romanos dentro do seu reino fossem submetidos à lei romana e ao sistema judicial romano. Os godos, por enquanto, viviam sob suas leis e costumes.

As alianças de Teodorico

Teodorico se aliou aos francos, pelo seu casamento com Aldofleda, irmã de Clóvis I, e com os reis dos visigodos, vândalos e burgúndios. As ambições de Clóvis I de também governar sobre os godos provocou uma guerra intermitente entre 506 e 523. Para muitos do seu reino, Teodorico era de facto o rei dos visigodos, como também se tornou regente para o infante visigodo, seu neto Amalrico, por volta de 505. Os francos, sob Clóvis I, foram capazes de tomar, à força, o controle da Aquitânia dos visigodos em 507, derrotando Alarico II, mas, por outro lado, Teodorico conseguiu derrotar suas incursões. Em 515, Teodorico casou sua filha Amalasunta com Eutarico, mas como este morreu logo em seguida, não restou nenhuma conexão dinástica entre ostrogodos e visigodos.

Teodorico também interrompeu as incursões vândalas em seus territórios, ameaçando o fraco rei vândalo Thrasamund com invasão. Em 519, quando uma multidão incendiou e derrubou as sinagogas de Ravenna, Teodorico ordenou à cidade que as reconstruísse arcando com os custos.

O homem Teodorico


Mosaico representando o palácio de Teodorico em Ravenna.


Teodorico, o grande, tinha um grande respeito pela cultura romana, vendo a si mesmo como um de seus representantes. Tinha um bom olho para as pessoas talentosas. Por volta de 520 o filósofo Boethius tornou-se seu magister officiorum (chefe de todo o governo e dos serviços da corte). Boethius, pertencente a uma antiga família romana, cristianizada havia mais de um século, era homem das ciências, helenista dedicado, profundo conhecedor do grego e da obra dos clássicos, empenhado em traduzir os trabalhos de Aristóteles e Platão para o latim, a fim de demonstrar que as diferenças entre o pensamento dos dois eram apenas aparentes, uma tarefa difícil.

Finalmente, Boethius perdeu a confiança de Teodorico, depois de discursar defendendo a inocência do Senador Albino, acusado de conspirar contra Teodorico em favor do Imperador bizantino. Teodorico ordenou a execução de Boethius, em 525, por julgá-lo partidário de um movimento que visava a reintegrar Roma ao Império Bizantino, em prejuízo do reinado de Teodorico. Provisoriamente Cassiodoro substituiu Boethius como magister officiorum em 523.

Teodorico era de fé ariana. No final de seu reinado, apareceram intrigas com relação a seus assuntos romanos e com o Imperador bizantino Justino I sobre o arianismo. As relações entre as duas nações se deterioraram, embora a habilidade de Teodorico tenha dissuadido os bizantinos de iniciar uma guerra contra eles. Após sua morte, essa relutância desapareceu rapidamente. Teodorico o Grande foi sepultado em Ravenna. Seu mausoléu é um dos mais elaborados monumentos de Ravenna, na Itália.

Sucessão


O Mausoléu de Teodorico em Ravenna.


Após sua morte em Ravenna, em 526, Teodorico foi sucedido pelo seu neto Atalarico. Atalarico foi inicialmente representado por sua mãe, Amalasunta, que atuou como rainha regente de 526 a 534. O reino dos ostrogodos começou a esvanecer, começando a ser conquistado por Justiniano I em 535, sendo conquistado totalmente, em 553, na batalha de Mons Lactarius.

Fonte: Wikipédia

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