quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Batalha de Tricameron

A Batalha de Tricameron ocorreu a 15 de dezembro de 533 na África na localidade do mesmo nome localizada a 27 quilômetros a oeste de Cartago. Nela enfrentaram-se as tropas do Império Romano do Oriente, sob o comando do general Belisário, e as tropas do Reino Vândalo da África sob o comando do seu rei Gelimer.

A batalha terminou com o triunfo das tropas do general Belisário, imensamente inferiores em número à dos Vândalos, em onde teve particular importância o trabalho desempenhada pelos generais de ambos os bandos, pois neste caso Gelimer mostrou a sua covardia ao fugir frente da presença das tropas inimigas, o que o levou para o desastre. Finalmente a derrota de Gelimer e as suas tropas significaria o fim do Reino Vândalo e a anexação de todo o norte da África ao Império Bizantino do imperador Justiniano.

Antecedentes

Justiniano, chamado “o Grande” ascendeu ao trono do Império Bizantino o ano de 527 à morte do seu tio Justino I quem o nomeara sucessor. Justiniano era de origem bárbara e camponesa.

Justiniano considerava-se herdeiro dos Césares e cabeça da Igreja. Durante o seu reinado teve duas ideias diretrizes: restaurar o Império Romano do Ocidente e suprimir a heresia ariana.

Para materializar a primeira ideia, restaurar o Império, rodeou-se de dois homens chaves na sua consecução, Belisário, ao que pôs no comando do exército do leste, e Narsês.

Entre ambos desbarataram uma rebelião contra o imperador, a revolta de Nika, na que faleceram 35.000 rebeldes. Belisário, antes de Nika, derrotara os Persas, e depois foi posto no comando do exército que marcharia para Cartago para repor no trono a Hilderico o Vândalo, que fora destronado por Gelimer, bisneto de Genserico.

Os historiadores estimam que o exército posto às ordens de Belisário era insuficiente, consistia de 10.000 soldados de infantaria e 5.000 ginetes, quase todos bárbaros e mercenários. O exército imperial sofrera um descenso notável. Estava composto por três categorias de tropas: os soldados regulares, os mercenários e os terceiros eram soldados pertencentes aos magnatas bizantinos que deviam facilitá-los ao império.

Belisário decidiu empregar Sicília como base para a expedição. A 22 de junho de 533 zarpou de Constantinopla uma frota de 500 naves transporte escoltados por 92 dromones. No Peloponeso tiveram uma longa demora na espera de boas condições do mar para continuarem a travessia para Catânia, na Sicília.

Na Sicília, Belisário ficou a saber que o rei vândalo ainda não se dera conta do avanço da expedição e que enviara os seus melhores soldados, sob o comando do seu irmão Tzazon, para sufocar uma rebelião na Sardenha.

Belisário, ao saber isto, embarcou o seu exército e zarpou para a costa africana. Fez escala em Malta e Gozo e ao cabo de aproximadamente três meses da sua saída de Constantinopla arribou a Ras Kapudia, situado 130 milhas a sul de Cartago.

Enquanto desembarcou, Belisário difundiu uma proclama de ele não vir lutar contra o povo, mas contra os soldados de Gelimer. Iniciou a sua marcha para Cartago, precedido por uma avançada de 300 ginetes no comando de João o Armênio, 600 hunos cobriam o seu flanco esquerdo e a frota inteira custodiava o seu lado direito.

Ad Decimum

A 13 de setembro a avançada chegou ao desfiladeiro de Ad Decimum, décimo marco antes da cidade de Cartago. Pela sua vez, Gelimer, ao ficar a saber a chegada dos bizantinos enviara a buscar Tzazon com a sua força e quando soube o pouco numeroso que era o exército inimigo instruiu o seu irmão Amato, que estava no comando de Cartago, que se preparara para atacar Belisário.

Gelimer planejou atacar Belisário em forma combinada de três setores quando este entrou para o desfiladeiro de Ad Decimum. Esta operação fracassou porque requeria uma coordenação muito difícil de conseguir. Amato saiu de Cartago a 13 de setembro e atacou antes das outras duas forças, foi ferido mortalmente, após o qual as suas tropas fugiram. Gibamundo, no comando de outra seção, foi derrotado pelos hunos da ala esquerda de Belisário e Gelimer derrotou o corpo principal de Belisário; mas quando chegou ao campo onde morrera o seu irmão Amato e viu o cadáver do seu irmão, em lugar de perseguir os derrotados, deteve a persecução para honrar com uma cerimônia fúnebre o corpo do seu irmão. Entretanto, cerca do anoitecer, Belisário reuniu as suas tropas e contra-atacou os vândalos, dispersando-os. A 15 de setembro de 533, Belisário e o seu exército entraram em Cartago que fora abandonado pelos defensores. Gelimer retirara-se para um lugar situado 150 quilômetros a oeste de Cartago, chamado Bulla Regia, onde reuniu as suas tropas.

A batalha

Em Bulla Regia, Gelimer recebeu o reforço das tropas do seu irmão Tzazon procedente de Sardenha, com o que formou um exército umas dez vezes maior do que o de Belisário, segundo o historiador Procópio. Tratou de conseguir que os hunos se passaram às suas filas, o que não obteve e logo, com esta imensa força avançou em relação a Cartago. No seu avanço destruiu o aqueduto que subministrava a água à cidade. Deteve-se na localidade de Tricameron situada a 27 quilômetros de Cartago.

Belisário soube das conversações dos hunos com o inimigo, mas conseguiu neutralizá-los com oferecimentos de diferente ordem. O importante deste incidente foi demonstrar os perigos a que se expunham os generais que incorporavam mercenários nos seus exércitos. Esta situação unida a que não estava seguro da lealdade dos mercenários o decidiu a atacar os vândalos de imediato, consciente da sua imensa inferioridade numérica.

Belisário enviou de avançada a João o Armênio com 500 ginetes e ele com outros 500 ginetes e a infantaria partiu ao dia seguinte para Tricameron.

Gelimer e Tzazon encontraram-se com a cavalaria bizantina, a que os atacou duas vezes, sendo as duas vezes rejeitada por estes; mas numa terceira carga, João empregou também os seus arqueiros, com o que conseguiu fazer fugir a cavalaria vândala. Estes encontros duraram apenas uma hora. Ao entardecer desse 15 de dezembro, a infantaria de Belisário arribou ao campo de batalha e a mandou avançar sobre o acampamento vândalo. Gelimer, ao ver o exército bizantino, montou no seu cavalo e fugiu do acampamento; este ato de covardia provocou o desconcerto e depois o pânico entre os seus soldados, os quais fugiram em todas direções. Assim se definiu esta batalha.

Quando os soldados de Belisário entraram ao acampamento vândalo encontraram que este estava inçado de riquezas; desobedecendo aos seus chefes, dedicaram-se ao saque sem respeitarem nem ao mesmo Belisário. Somente ao dia seguinte, restabelecida a ordem, João o Armênio com a sua cavalaria pôde empreender a persecução dos inimigos.

Conseqüências

Gelimer compreendeu que perdera o seu reino. Intentou escapar para Espanha, mas os bizantinos ficaram a saber dos seus projetos e interceptaram-no, forçando-o a abandonar as suas pertenças e a refugiar-se nas montanhas da Tunísia, com os Berberes. No ano seguinte foi encontrado e rodeado pelas forças de Faras o Heruliano. A princípio recusou render-se, mas após um Inverno particularmente cru, rendeu-se a Belisário. O Reino Vândalo de África terminou e as suas províncias em Sardenha, Córsega e as ilhas Baleares caíram sob domínio de Justiniano.

A conquista da África proporcionou a Justiniano uma excelente base de operações para agir contra Itália e em 534, o assassinato de Amalasunta por Teodato, daria-lhe o pretexto para iniciar uma nova guerra contra as províncias da Dalmácia e da Sicília.

Fonte: Wikipédia

Nenhum comentário: