quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Os leões e os germanos

Os germanos eram assustadores, e esse adjetivo não é força
de expressão.





Numa das primeiras vezes em que os romanos depararam com eles ocorreu o seguinte: os germanos emergiram das sombras da Floresta Negra urrando feito selvagens que eram, um som horrendo, como se predadores monstruosos investissem sobre a legião. Detrás de seus escudos de madeira revestida com bronze, os romanos viram correr em sua direção aqueles homens de estatura descomunal, desenvolvidos pela vida ao ar livre, pelas caçadas e pelas eternas guerras tribais. As longas cabeleiras amarelas e vermelhas dos germanos esvoaçavam e davam uma aparência ainda mais ameaçadora aos seus rostos barbados.

Por um momento, os legionários ficaram petrificados debaixo de seus elmos. No momento seguinte, não vacilaram: giraram em cima das sandálias e correram com devoção a fim de salvar suas peles latinas. Veni, vidi, corri.

Depois que os romanos se acostumaram com a visão pouco ortodoxa dos guerreiros germanos em ação, não entraram mais em pânico e até passaram a derrotá-los, isso graças à disciplina tática das legiões. Mesmo assim, os germanos jamais se submeteram completamente ao Império, nem quando o Império os absorveu. Por volta do ano 200 da Era Cristã, o imperador filósofo, Marco Aurélio, já nem morava mais em Roma, vivia nas fronteiras, vigiando os movimentos inquietos e inquietantes dos bárbaros.

Um dia, o imperador teve uma idéia: mandou buscar leões da África e, numa batalha perto de Vindobona, a atual Viena, açulou-os sobre os germanos. Calculava, Marco Aurélio, que os bárbaros ficariam aterrorizados com o ataque daquelas feras das quais nunca nem tinham ouvido falar. De fato, numa época sem National Geographic, os germanos não conheciam leões, e essa foi a sorte deles. Acreditando que fossem apenas cães enormes, os louros guerreiros da Alemanha não só não fugiram como chacinaram os bichos a golpes de espada, lança e clava, pouco se importando com a repercussão entre os protetores dos animais.

Nos dois casos, como se viu, o medo foi decisivo. Os romanos só bateram os germanos quando perderam o medo deles; os germanos mataram os leões porque não tinham medo deles. O medo, muitas vezes, é o que faz diferença na batalha.

.:: Blog do David Coimbra

2 comentários:

vitor disse...

Cra que maneiro! Quais foram suas fontes?

Mr. Dennis Portell disse...

Cara seu blog é loko! Sou estudante de historia aqui em GUARULHOS -SP. Também tenho um blog. Se puder seguir:

www.dennisportell.blogspot.com

Tamo junto mano! Irei divulgar o seu trabalho!